domingo, 16 de dezembro de 2007




Hoje fui ver, pela primeira vez, o contador de visitas do blog e constatei o que já pensava: nem tu o visitas.
Poderia sentir-me triste (e talvez sinta), mas ao mesmo tempo, a partir do momento em que te dei a morada senti que não poderia desabafar livremente aqui, e agora sinto que posso, novamente.

Não que não gostasse que soubesses o que faço, sinto e penso, mas porque, e sejamos honestos, com o pouco feedback que sinto e (quase) sempre senti teu, como sabes não consigo evitar sentir um certo desconforto na exposição...

Disse-te, hoje que, uma noite destas, quando voltei, pela primeira vez, ao lugar onde nos conhecemos e onde tivemos o "nosso primeiro momento", me lembrei muito de ti... Respondeste, ao teu jeito "lembraste nada!"...
Nesse segundo, quis perguntar-te se nunca te lembraste de mim desde a última vez que estivemos juntos... Quis perguntar-te, mas não sei se quereria ouvir a resposta, provavelmente porque, a única resposta em que acreditaria era "sinceramente não"...


Mas eu gostava de não me lembrar de ti... De não me lembrar de ti, quando ouço músicas que partilhei contigo e outras que nunca te mostrei... De não me lembrar de ti, quando vejo o tempo e o meteorologista diz que vai estar muito frio aí... ou muito calor... De não me lembrar de ti, quando o frio voltou, e eu voltei a usar o famoso roupão...De não me lembrar de ti, cada vez que ligo o computador... Cada vez que me deito e quase todos os dias, quando me levanto! Juro!...

E eu estava quase a conseguir, não me lembrar de ti quando ele me beija, ou me toca...


Mas, hoje falei contigo... e maldito sejas! Pois, sem dizeres nada, me fazes dizer tanto! Sem sentires nada, me fazes sentir tanto!...

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett - Folhas Caídas (1853)

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